Não era em vidros , em frascos ou pequenos potes decorados que ela colocava a pequena parte da colheita . Colheita feita em dia de sol , das barracas montadas na extensão da avenida preta e branca .Colheita feita em noite de lua, do quintal, cantoneira exposto ao éter .
Cada pétala era cuidadosamente tocada , misturada com as mãos suaves , mergulhadas em óleo de fruto .
Lá dormia a pétala noite adentro pra exalar o aroma da terra . Pra dissolver a fibra que enrijece , a cor que embeleza. O que se dava era a mais absoluta e amorosa mistura .Simples e doce , como deve ser o que nos conduz os caminhos diários ...
Derramava a mistura na casca da madeira devidamente trabalhada , a ponto de virar recipiente . Lá deixava no espaço que se perfumava a cada vento .Dançava então , a canção detalhada , com as mãos desenhava no invisível detalhes do olhar.
Perfumava a alma de reciprocidade e flor.
Ao tocar com as pontas dos dedos a poeira fina da canela em pó , recordava um dia que passou nessa e em outra vida .Espalhava pra brilhar a pele e nutrir a memória ...
Sonhava então ...
Olhava o balançar do véu preso na janela que com suas contas fazia ecoar no ar notas musicais de inspiração e luz.
Sorria , pois era alquimista de sonhos ...
Dos que vinham enquanto acordada ao sol e dos que vivia no descanso dos olhos noturnos...
Por Val Amores ~*
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