sábado

A correria para o nada - Minhocas Urbanas e Modernas



Estive em uma odisséia por São Paulo Capital e como sempre, observei e observei cada segundo meu lá.
As pessoas, os espaços, o cotidiano daquelas pessoas e o motivo de tantos espaços e passos .Passos assustadoramente apressados e desconcertados, desconexos, sem direção.
Fazia muito tempo que eu não ia para São Paulo Capital e quando fui,confesso ter me assustado !
Moro em cidade praiana, daquelas que concedem passeios calmos de chinelo e vestido ao vento com direito a paisagem poema e por isso a correria insana de SP me causou tamanha surpresa .
A primeira coisa que me chamou atenção foram os semblantes de preocupação. Todos com ar de vazio e frieza. Sem sorrisos. Alguns até ousavam dar risadas mas entre o grupo em que estavam.
Pedir uma informação em SP também é gesto de coragem .
Você pergunta e a pessoa te olha com surpresa por você não saber ou mesmo por você ter ido falar com ela ...
É estranho pensar que as pessoas se surpreendem pelo ato natural presente em todo ser humano que é a  capacidade de comunicação . Ninguém mais quer se comunicar .Há medo.
Colocam fones e se fecham em mundos distantes.Ignoram qualquer sensação alheia ou olhar , até de interesse. Ficam sós e motivam a solidão a cada acordar do despertador .
São atletas urbanos que disputam a modalidade "Corrida de Metrô"
Uma escada rolante feita para facilitar o acesso agora tem "mão".Isso, mão como mão de carro .
Mantenha-se a direita e deixe a esquerda livre para os apressados que não esperam, correm enlouquecidos pelos degraus em movimento .
Confesso que daqui a pouco nós teremos que implantar marchas até pra poder parar e conversar, ou mesmo pra sentar, talvez até tenhamos que ter um porta mala acoplado e assim carregarmos nossos pertences sem a necessidade de bolsas. É, acho que então seremos robôs e nada mais.
Na verdade, já somos um pouco ...
Outra coisa bem interessante é que mesmo com os bancos vazios do metrô, porque não era horário de "pico", as pessoas correm dentro do trem para sentar , como uma espécie de competição ou brincadeira de " corre cutia" .Eu senti isso!
Competição do nada para o nada .
O prêmio? bom , talvez seja a frieza do banco bege ou azul ( se você sentar errôneamente nos assentos preferenciais )
Eu achei engraçado ver essa correria e no meu marasmo de praiana , fiquei vidrada em cada gesto.
Pessoas escondidas abaixo do solo como minhocas modernas .
É assim que ví aquele pessoal apressado.
A diferença é que a minhoca da terra cria um solo fértil e as pessoas nem sempre .
Talvez a pressa atrapalhe e isso impeça o cultivo de sorrisos e olhares, de palavras carinhosas e bom senso.
Algumas coisas me chamaram atenção com  maior intensidade  : 3 japonesas trançando pulseiras com fitas coloridas e desligadas da pressa. Cada qual em seu assento bege. Uma mulher lia seu livro em pé e sem segurar, apesar do movimento que o metrô faz . Ela seguia lendo um livro de FRITJOF CAPRA, o que evidenciava que realmente não se mantinha no planeta Terra .
Parece-me, que apesar da correria, há os que sabem caminhar e ainda assim conseguem cumprir com seus compromissos sem frieza ou distância .
Eu respeito a necessidade de horários , mas não aceito como normal o que vi .
O ser humano pode correr, mas pode tentar transformar essa correria em algo mais integrado, respeitando o outro que com a idade já não caminha tão rápido ou aquele que simplemente não sabe como chegar.
O relógio enlouquece e ninguém me convence que tal correria é saudável .
Pode ser necessária para a sobrevivência financeira da maioria , mas isso não significa que é saudável e não é mesmo !
Eu gosto de aumentar meu ritmo, mas prefiro aumentar dançando ...
De acordo com algumas coisa que lí de física , saímos do nada e retornamos ao mesmo ponto , ainda que aparentemente seja diferente .
Na hora em que ví todo esse tufão de gente apressada, lembrei de tal estudo da física .Todos os dias correm e todos os dias retornam ao mesmo local e isso já é programação interna . Coisa robôtica .
Talvez, da mesma forma que eu tenha estranhado esses comportamentos , as mesmas pessoas estranhem o meu caminhar lento.O meu caminhar por caminhar ainda que sem objetivo ou olhares ao relógio .
Tenho sim meus horários e rotina, carrego minhas pastas e guarda - chuva, mas a diferença reside no fato de que gosto de contemplar e entender até o caminho que me leva às minhas obrigações , mesmo porque sem saber o que me rodeia todos os dias, como posso criar projetos para lugares distantes ?
Do meu ponto inicial eu sigo para outro ponto. Tenho a audácia de contrariar a física porque até o mesmo caminho é diferente . O que faz ser diferente é a capacidade de olhar cada detalhe e tirar de cada detalhe um motivo de conexão com algo maior .Por exemplo : "Isso acontece porque aquilo precisa existir ..."
Seres Urbanos Desconexos, ainda que CONECTADOS ...
É exatamente assim que minha odisséia paulista foi classificada. 

Até a estupidez precisa ser analisada...


Acordei cedo e fui ler as notícias expostas na rede virtual e me deparei com o fato relacionado a baixa audiência de uma determinada novela global .
Bom,  a baixa audiência pode ser simplesmente ocasionada pela chatice das novelas com seus temas cansativos e repetitivos: o filho do rico que se apaixona pela mocinha humilde, a mocinha humilde que sofre de uma doença que necessita transplante, o caso de amor eterno de dois que se encontram após anos, o galã, o bandido, enfim...
Como sempre há 04 personagens principais em filmes e novelas : Mocinho, mocinha,bandido e boboca (boboca é geralmente aquele que assiste e leva a sério).
Mas, como é "proibido" relacionar coisas "globais " com o fracasso por sí só , o colunista precisa dizer que as pessoas não estão assistindo a novela porque se negam a ver a "realidade" . Ora ! Por favor !
Desde quando novela mostra realidade ?
Mostra na medida, de modo a não despertar sinceramente as pessoas para um olhar social .
Qualquer um pode ver a realidade e a vê todos os dias. O fechar de olhos para a realidade se dá justamente porque esses programinhas fúteis lançam cortinas de fumaça sobre o que de fato é prioridade em nosso país .
Só há incentivo para o ter e ter mais a qualquer custo, incentivo para traição e futilidade : você só é se você tem, você só tem se derrubar pessoas. Amor na novela representa posse e possessão , representa matar, representa armar teias de mentiras .
Isso existe ? existe sim, mas nós fechamos os olhos em nosso cotidiano quando nem olhamos o currículo e o histórico de nossos candidatos , quando fazemos piadas de algum escândalo com o dinheiro que deveria estar nas escolas ou hospitais . Fechamos os olhos quando não exigimos o cumprimento da constituição e o respeito aos idosos .
A novela ...
Bem, a novela conta uma historinha sobre nós , mas afunila ainda mais as mentes com seus corpos esculturais, até porque nem o próprio corpo você pode ter mais . É necessário ser magrela ao extremo e vomitar tudo o que se come porque esse é o padrão de beleza imposto , mas ilusório e falso .
Aliena mentes porque é preciso cantar a música da moda para ser uma pessoa "informada". Ah gente, informação é diferente de conhecimento. Informação todo mundo tem e a todo segundo, ainda mais na era tecnológica que vivemos . Informação é um relato simples sem profundidade que por vezes se caracteriza apenas na troca de supostas idéias entre amigos em uma tarde , no café da esquina .
Conhecimento é aplicação, é profundidade. O que eu faço com minha habilidade? Onde aplico o que sei, na prática ? O que transformo ?
Só informação pode ser só mais uma fofoca como tantas outras.
Você abre uma página da internet e só vê o caso polêmico do goleiro, a morte e a comoção do filho da atriz famosa...
Quantas pessoas morrem todos os dias porque não tiveram o suporte que precisavam?
Quantos são atropelados e quantas mães não ficam desesperadas ...
E olha que elas não são famosas o suficiente ou nem são e por isso não conseguem achar os culpados . É , há justiça para seres pagantes e não seres viventes .
Me desculpem, mas eu ando indignada com esse monte de porcaria que insiste em invandir minhas manhãs e que fazem todos nós deixarmos de lado o que realmente importa , que faz com que cidadãos esqueçam seus direitos e deveres de fato .
Enquanto isso no Senado...
Enquanto isso na Prefeitura ...
Enquanto isso no Hospital e na Escola...
Enquanto isso ali, na casa do lado ...
Há muito acontecendo e NADA sendo visto porque os olhos e mentes focam a popularidade de pessoas bem alheias a qualquer realidade REAL.
Eu não vejo novelas, não converso sobre novelas mas acredito que a baixa audiência é uma fato que acontece com coisas chatas . Tenho a sutil esperança de que seja um pouco de despertar das pessoas , quem sabe?
Bom, precisava relatar o conteúdo da "informação" que vi esta manhã porque até a estupidez precisa ser analisada ...

domingo

Resgatando a serenidade na linguagem e manifestações múltiplas de Deus



Conforme a dança dos dias se alinham, os conteúdos se encontram e os acontecimentos se expandem, novas paisagens se colocam no horizonte.
Paisagens não estáticas, cheias de cores e movimento, moldadas em nuances que imploram um olhar de entendimento apesar da abstração.
A observação tem me permitido um certo resgate da serenidade . Serenidade que nunca se foi, mas que talvez tenha ficado tímida por um tempo.
A serenidade que começa a perambular e a fazer certa ebulição na alma é a mesma que me tranquiliza para seguir adiante em alguns projetos ainda que estes não sejam o objetivo central . Talvez, agora seja melhor delinear as arestas como se delineia um olhar com um lápis . Talvez, seja importante marcar em evidência o que necessita ser moldado e assim agir.
Fazer isso por um tempo, mas não pela eternidade, porque passar os dias cuidado só de arestas nos faz ignorar toda a beleza já contida no núcleo e que merece sim ser motivada .Não é porque algo está pronto que não deve ser mais "agraciado".
Bom nem sempre é belo , mas ver beleza sempre é bom e por isso, exatamente por isso que a serenidade vem sendo resgatada ainda que em silêncio e através da observação das pequenas manifestações sagradas.
Acontecimentos aparentemente normais são bem mais intensos e possuem uma linguagem encantada . Cada acontecimento é uma manifestação de Deus, ainda que pareça confusão, não é .
Há caos e há ordem em um mesmo espaço e é isso que faz o Universo transgredir sempre a nossa noção de comodismo. Que bom que há tal transgressão ! Imagine se o certo fosse imutável, pronto e pronto ?
Ser o mesmo , manter o mesmo é chato e justamente por isso decidi mudar o foco do olhar.
Contemplar além da curva do morro para tentar entender porque o morro tem  tal curva e porque a sombra dele acalenta uns, enquanto o lado com sol festeja apesar do calor !
Fico assim, até acanhada diante de tanto poder natural .
Há tanto e ainda percebemos tão pouco...
Eu resolvi sim e com tamanha impetuosidade, resgatar minha serenidade através de toda e qualquer manisfestação "supostamente" normal .
Entenderei e aceitarei a linguagem de Deus mesmo que silenciosa, porque assim é.
Cantarei canções de amor inventadas e tecerei sonhos em folha de papel dourado.
Pintarei quadros com tinta guache e sem pincel . Estamparei a palma das mãos em folhas brancas para ceder cor ao que precisa ter .
Quando eu decifrar algumas frases, por mínimas que sejam, as transformarei em manifestos encantados, no formato verso ...
Recitarei com fervor e em cima de pedras da praia, vestida com saia rodada e pé no chão. Nas mãos estrelas do mar e no pescoço um colar de conchas .
Pela serenidade estarei presente e nada mais !

quinta-feira

Desfazendo -se para florescer mais bela...




Uma planta vive seus ciclos de desmanche e renascimento.
Suas folhas verdes secam, caem , apodrecem e adubam a terra que produz novas folhas .
Das folhas, sobram os galhos secos , retorcidos, aparentemente sem vida, sem graça .
Por dentro o movimento de um refazer se mantém em plena atividade .
Pelas ranhuras a vida corre como mágica, a seiva divina, a energia, a alquimia que a tudo transforma segue, constante, serena e de acordo com as leis universais.
Uma queda , o que é uma queda?
A pausa para que esse refazer aconteça de forma melhor.
Sem pausas não verificamos a necessidade do momento, a dificuldade, o que necessita ser consertado, substituído, exposto.
Assim é , assim sempre foi a vida de todo e qualquer corpo divino presente neste Universo.
Vivemos entre a construção e reconstrução de nosso ser .
A essência que temos precisa se adaptar e é por isso que nos desfazemos com tamanha intensidade em dados momentos .
Há um certo medo e desânimo por isso, mas implícito na retina e no olhar em dia de sol, há a certeza de que existe mais que dias melhores , existe integração do aqui de dentro com o todo lá fora .
Por tal integração sentimos vendavais e eles varrem o que congestiona,
Por tal integração sabemos que apesar de desconfortos, existe o aconchego e a força que só um recomeçar pode conceder .
Sinto-me assim, em um desfazer brusco e bruto, mas um desfazer que tem realizado em mim uma mutação de elementos necessários , uma alquimia certeira entre o que necessita ir e o que precisa se realizar e logo .
É o estar em fase de florescimento como se a primavera continuasse, apesar do tempo lá fora .
Talvez eu vire rosa, azaléia, margarida ou orquídea. Não importa !
Sei que meu florescer será mais uma prova de que não é ao acaso e por acaso que as coisas acontecem .
Desfaço-me sim e apesar de me acovardar em certos momentos, tenho plena consciência que as mãos que me ajudaram  são mãos de grandes jardineiros , jardineiros treinados pelo Arquiteto de todo este espaço celeste em que me encontro ...
Na verdade agora, estou cultivando uma cortina de heras com flores violetas , por isso demora ...
Aguardo , um pouco confusa e serena, mas acima de tudo cada vez mais bela em mim , porque estar em mim agora é prioridade .Não posso estar lá antes de deixar todo o espaço decorado para a grande festa de um novo ciclo ...
O solo pode até representar um tom de sertão , mas ainda assim ele é linha e ligação.
A flor pode estar ainda minúscula e isolada, mas beleza muito exposta não desperta atenção .
Eis que é hora de regar os sonhos , por isso vou caminhar com gotas de orvalho na mão ...
Volto depois com novas mudas , porque agora eu quero olhar para o céu, já que hoje é dia de sol e sorriso miúdo ...
Preciso antes , tecer uma guirlanda de flores para sinalizar que ainda estou em reconstrução .
Fiquem bem e em silêncio, volto logo em ramalhete.

segunda-feira

Diálogos Inconclusos , porém certeiros !



Quero começar este post com um "nossa!"
Nossa , sim !
Os últimos dias foram compostos de revolução.
Revolução dentro de mim, nas células, em seus núcleos.
Revolução que veio à tona na pele, na expressão ao espelho meio assustada pelo estado nunca sentido antes.
Não bastasse a bagunça física, outras bagunças aconteceram . Confesso ter deixado o tumultuar tomar conta e por isso fiquei até meio "abobada".
Lí certa vez que uma palavra pode cortar mais que a lâmina de uma espada.
Imagine então várias delas atiradas ao vento e sem direção certa, na tentativa insana de atingir alvos , alvos que são na verdade inatingíveis , ainda que sofram algum abalo externo ,por dentro continuam inatingíveis .São alvos profundos demais !
Ouve-se muito, fala-se muito, muitos diálogos postos em um mesmo universo "padrão".
Diálogos que demonstram uma certa insanidade e flutuação .
Diálogos que ficam inconclusos até mesmo porque acho que nem tiveram começo .Talvez tenha sido a frase com um certo ar de encantamento ou a "possível" esperteza demonstrada. Confesso que não sei bem e desisti de entender os mundos além de um querer intenso, o mundo dos braços que a tudo querem agarrar mas que no fundo nada conquistam.
Um círculo vazio de diálogos vazios e frases feitas, talvez até retiradas de algum suposto autor desconhecido.
Talvez sejam diálogos oriundos da mania intensa de leitura e que demonstram certa articulação , tom e postura, mas que se vasculhados a fundo com certa audácia e fervor representam a tentativa desesperada de laçar almas .
Sabe, algumas almas não podem ser assim provocadas porque ficam furiosas .
Eu tenho uma alma furiosa quando algo assim tenta me "desencontrar".
Minha fúria é bem humana , daquelas que salta aos olhos. Mais perigoso ainda é que minha fúria é mais sagrada e contida, e essa contenção causa uma certa concentração de energia e essa energia me faz esganar mentalmente a raiz do tumulto.
Lanço doses de amor ao mundo na mesma medida que invisto total defesa contra os provocadores de almas celestes.

Disse Arthur de Távola:  "A alma dos diferentes é feita de uma luz além., Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender.Nessas moradas estão tesouros da ternura humana dos quais só os diferentes são capazes. Não mexa com o amor de um diferente.A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois".

Sábias palavras e que se ouvidas com certa "sensatez"podem impedir esse monte de entulho que criamos na vida.
Entulhos discursivos, paredes de falso poder, espaços de falso saber e pouca elegância , porque se algo for bem explorado sempre se encontra aquela apara, aquele desnível .Não há perfeição, mas existem diálogos que devem ser traçados e diálogos que devem ser calados.
Com toda a fúria diante do diálogo inconcluso, eu apenas me concentro no poder da amizade.
A amizade é que faz de simples almas, grandes almas.O fútil que se atravessa no meio de grandes almas é aniquilado, talvez pela fúria celeste, a mesma concedida na explosão de estrelas .Não sei....
O bom de tudo isso, é que até a inconclusão concedida por tal diálogo foi certeira !
Como é bom pegar a energia que a fúria causou e plantar uma flor , como é bom fazer dessa fúria mais um motivo pra cultivar amor.
Claro que amor com foco certo, sem tantos "depoimentos"...






domingo

De volta - O retorno ao paraíso pertence aos que entendem o desvio da rota ...




Era uma rua distante do centro urbano movimentado, casual.
Era aquela rua bem no fim da curva, perto da saída da cidade.Caminhos onde poucos se atreviam a passar.
Os poucos que passavam ali, passavam apressados e apenas porque se perdiam do caminho padrão. 
Passavam então apressados pelo medo do que poderiam encontrar no meio do caminho.
Alguns passavam até de olhos fechados com os braços abraçados , laçados ao peito, no entorno de sí mesmos, criando uma espécie de escudo.
Outros ficavam tão confusos que apenas corriam, corriam e corriam para longe dali, desesperados.
Aqueles que usavam algum tipo de adereço como chapéu, gorro ou túnica aproveitam para esconder o rosto, como eternos fugitivos.
Era em grande maioria, o caminho dos passos apressados e o caminho daqueles que nem tentavam olhar ao redor .Isso sempre foi assim, ainda é.
Era o caminho perdido, a rota alternada, surpresa, oposta, para a maioria dos ali colocados era até uma rota indisposta, o de repente, sem aviso e sem aviso para quem só gosta de planos cronometrados , causa amplo desconforto e reações adversas , como por exemplo a paranóia .
Pensavam sempre que estavam ali por acaso, mas nada é ao acaso, nunca foi .
A rua então tão evitada tinha uma grande casa, de muros altos, cor branca e de contornos dourados, mas que com a ferruge do tempo, do não movimentar de portões , o branco se combinava com um tom opaco e até meio triste. O branco não estava tão branco pelo movimento do tempo .
A casa ficava alí , bem no final do caminho.
O caminho não era 100% beleza e por isso era até compreensível o medo que muitos tinham de andar lá.
O caminho tinha buracos, desníveis violentos, pedras, flores com espinhos, árvores antigas com velhos balancês que contavam implicitamente histórias de um tempo liberto e de de vento no rosto.
A casa tinha ainda uma torre enorme, circular , bem no centro, que parecia contornar a ligação de um pátio ao outro. A torre tinha uma janela que apesar de estar em meio a esse abandono tinha sempre uma luz acesa , talvez pelo candelabro, luminária...
Tinha a sombra que ficava por trás de uma cortina de véu leve...
Os que ali passavam apressados não podiam entender por causa da violenta pressa e também por causa do medo e ansiedade diante do costume de não se render (porque rendição exige coragem) ao significado do que poderia ser tudo aquilo, nem mesmo tentavam entender porque alguém lá residia .
E assim foram milênios, séculos, décadas, anos, dias, meses, horas, segundos, milésimos.
A luz ?
Bem ela ainda permanecia e permanece lá, exposta aos olhares distantes e desconfiados até que um certo dia ...
Bem , um certo dia, uma moça se deixou levar por caminhos diferentes porque queria quebrar a rotina e foi para lá , exatamente lá, onde muitos já haviam passado e continuavam a passar amedontrados pelo ar de transformação contido no éter.
A moça porém, estava em uma fase que costumava chamar de "deixa pra lá", queria mesmo ficar a mercê de tudo que estava acontecendo à sua volta e experimentar sabores e cores, olhares e sons , queria ampliar percepções e entender aquilo que para muitos não tinha explicação.
Corajosamente foi em passos lentos e firmes, até lá.
Não tinha chapeú pois não gostava, não tinha túnica porque alí não era propicio seu uso, também não tinha capuz.
Tinha só os cabelos vermelhos ao vento, soltos , um vestido primaveril apesar da estação fria , vestido leve, largo, meio violeta, lilás. Tinha a sapatilha baixa e uma meia estampada até as coxas . Meia de boneca porque gostava de composições mágicas , até meio infantis !
Tinha para sí uma noite que estava ficando enluarada e nas mãos carregava seu guarda chuva habitual , pois naquela cidade não se podia confiar no tempo.
Apesar de andar naquele hemisfério desconhecido, ela seguia radiante e um pouco desperta com doses de menina ansiosa.
Deparou-se com um canteiro pequeno, cheio de cipós contorcidos e galhos secos . Parou e olhou . Parou e notou que atrás de toda abstração natural contorcida havia uma flor, vermelha. Não era rosa, nem violeta, margarida ou jasmim. Não era orquídea, gérbera, ou algo assim ...
Era algo que tinha brilho e contorno, espinho, mas tinha luz e beleza inimagináveis à  mente humana tão ocupada em catalogar apenas pela ciência e prova.
Pensou em colher a flor, mas também entendeu que a beleza estava em mantê-la ali, viva e disposta ao olhos que desejassem ver, de verdade.
Percebeu certa pulsação na flor e hipnotizada a quis tocar.
Então assim fez, estendeu as mãos e tentou tocá-la .
Quando deu por sí e retornou daquele transe mágico , estava com a mão em seu coração.
Descobriu então que a flor era o coração e que a pulsação era a sua .
Encontrou-se e foi encontrada em um "suposto acaso".
Ficou espantada sim e com o coração totalmente exposto seguiu até o portão alto. Tentou empurrar, mas ele estava fortemente travado pela falta de movimento.Não desistiu e viu bem ao lado um monte de pedras entulhadas .Pedras largas, quadradas, com algumas arestas e por ali tentou subir. Nem mesmo pensou no quesito invasão!
Chegou ao extenso quintal e continuou a caminhada querendo bater na porta que bem à sua frente se mostrava e com o coração nas mãos , em verdadeira doação .O guarda chuva à esta altura havia sido deixado de lado, de canto, sabe-se lá onde !
Bateu na porta com delicadeza e escutou passos apressados, como se alguém há tempos esperasse uma visita, uma visita que não fosse o carteiro.
A porta se abriu e dali alguém lhe estendeu as mãos, sem mesmo perguntar quem era ela.Ela foi acolhida com um suspiro encantado e um abraço apertado, ganhou um beijo demorado e entendeu que ali, ali sim , em meio ao confuso, residia o amor.
Amor puro e simples que sinalizava da torre e ainda sinaliza todos os dias.
Amor que leva ao paraíso.
Os que fugiam e fogem desse desconhecido pensam que por ser amor tem que ser fácil , pensam que para ter amor é só citar palavras de elogios , pensam que coração só vale quando é do outro , mas não entendem que a conquista do amor é gradual, é ato de delicadeza e observação e que dois corações só se unem quando se reconhece primeiro o coração que se tem.
Amor mora atrás de tropeços, de desníveis e fica flutuando em um éter de mistério. Traz sim descontrole porque vai modificando a alma aos poucos e tudo que muda dói, causa um certo ranger. Amor de verdade faz isso , amor de verdade exige desprendimento do caminho padrão, exige passos mais lentos, desprovidos de qualquer pretensão.
Tantos que ali passaram e se fecharam em suas próprias prisões mentais e na eterna mania de buscar explicações para tudo. Explicações lógicas e pautadas , mas ...
Amor não tem explicação lógica, do contrário seria produto de laboratório vendido em frascos de coração , feitos de vidro.Mas que quebrariam na mesma medida de facilidade de obtenção.O fácil quebra, se desfaz.
Pode-se dizer que até é feito em laboratório, mas não em um laboratório químico, industrial, farmacêutico . Amor é produzido no laboratório interno que cada um carrega consigo.
Alquimistas são os que se atrevem andar pelos desníveis e colher as mais raras sensações, porque são elas em conjunção estelar e em vibração com os elementos que temos dentro que fazem amor acontecer. Amor começa nos olhos e por isso não adianta colocar o chapéu ou capuz .É preciso antes de tudo ver e tocar o coração ainda que doa .
Muitos chegaram na casa do amor,foram levados , mas nunca entenderam o motivo do desvio e nem mesmo entenderam a paisagem apresentada, não souberem sequer ver a flor atrás dá árvore , logo não souberem ver e sentir o próprio coração -pulsação.Morreram em vida? Talvez seja a mumificação da alma que quer expandir além das amarras.
Só sei dizer que aquela moça ousou, permitiu-se , foi entrega, então amou !
Foi a regressa,a que esteve de volta ao paraíso pelo desvio da rota e da rota que nunca estará no mapa vendido em bancas de jornais ou em guias turísticos ...
Mapa de um "suposto acaso". Um doce acaso celeste !



sábado

Chuva e aconchego



Um dia de chuva é um dia comum para que gosta de ser comum.
Um dia de chuva vira poema , tela , canção, vira até texto de blog .
Tudo é motivo para quem gosta de criar , de relacionar o lá fora com o ambiente aqui de dentro.
Definir um dia de chuva como hoje não é difícil , é simplesmente sentir a proporção e a mensagem do tempo em tempo, além do boletim metereológico , nem sempre lógico .
Natureza não é lógica, embora assim se pense .
Tudo tem um motivo, mas ter um motivo não representa lógica, representa simplesmente pulsação .
Pulsação muda, o tempo também.
Pulsamos como seres humanos, a Terra pulsa porque é vida e tem vida.
Defino um dia como hoje de dia aconchego .
Dia em que se pede edredon ou manta, chá de maçã com canela e muita música que fale de amor , que fale de sensações e que arrepiam toda a nossa estrutura.
Um dia de chuva  é um dia de enlace consigo mesmo e quem tiver, que aproveite e se enlace com o outro.
Aproveitar esse conforto dado pelo Criador é estar em conexão direta com todo o amplo Universo e seus ciclos.
Gosto de ver a chuva caindo da janela...
Parece o rabisco, o esboço de toda a paisagem porque fica branco, quase invisível.
É como se de repente uma borracha fose concedida à paisagem, de moda a reorganizá-la , de modo a recompor a cor de cada espaço de concreto e da cada folha do canteiro.
O que parece frio para a folhagem representa o mesmo aconchego sentido por nós , porque ela lava a alma que tem, para no próximo dia de sol nos mostrar suas nuances e embelezar todo o caminho.
Nós também nos refazemos em dias assim porque ficamos quietos e em silêncio,
Ficamos então raros porque em dia quente optamos pela correria pra sentir vento e correria apesar de fazer movimento nos desconecta mais fácil da relação necessária : Homem e natureza .
Dia aconchego, dia criação , dia em que eu gosto de sentir intensidade na rua vazia que olho da varanda .
É o muito no nada e o tudo implícito atrás de cada cortina ou janela fechada.
Todos encolhidos,
Todos ...

sexta-feira

Eu acho que sou assim ...



Eu sempre falo da alma, dos céus e seres celestiais, tenho mania de enumerar estrelas, dou motivo e explicação aos sonhos e conto até algumas estórias e histórias doces .
Tenho ainda a mania ansiosa de tentar desvendar o mundo mágico, aponto também a forma trágica de nossa passagem terrestre mas que tenho cuidado em contar, amaciando palavras com contorno feito com caneta pena ...
Hoje porém quero falar um pouco do que sou e que talvez falte aqui, embora o tudo escrito aqui represente o que tenho me tornado e deixado , o que tenho desejado como futuro , que na verdade é agora , neste exato momento de troca entre eu , você e esta tela .
Penso ser uma "moça menina ou menina mulher ".
Com meus 31 anos de idade, fiel a minha personalidade e sem medo de afirmar tais números. Tenho sim um certo estilo envelhecido de valores , porque perder valores é se entregar ao canibalismo do sentir que tenho visto com tamanha frequência em nossa sociedade " civilizada" .
Tenho uma criancice exacerbada quando se trata de vontades , mas uma criancice que precisa existir pra dar aquele brilho gostoso no olhar e arregalar a retina em direção ao desejo . Só não me jogo no chão quando ouço o não , faço pior (risos) caço com uma doce estratégia de "menina anjo" um sim acolhedor e oriundo do coração alheio .
Tenho uma molecagem adolescente que me faz ficar de cabeça para baixo no sofá e tentar assim , ver as cenas cotidianas de ângulos diferentes , tortos . É nesse movimento que descubro que eu mesmo mudo a direção das coisas , Viva então essa mocidade escancarada diante da sapatilha baixa , estilo bailarina que me faz flutuar pelas calçadas da vida.
Carrego comigo , pelo menos pressinto e sinto, uma alma intensa, cheia de trajetórias apaixonantes entre o aqui e a vida que ficou lá, lá longe, mas nem por isso apagada .Uma alma que tem peso , muito peso e medidas imensuráveis à olhos estreitos e egoístas , ou mesmo olhos copiosos que em silêncio são arrebatadores de suavidade .
Tenho guardado em mim muita coisa, mas o que fica é sagrado e secreto, consagrado e contínuo , porque o que fica é todo o dom e o que torço e mando embora é todo o desconcerto que desafina a sinfonia angelical que ressoa em sinos e em mim ...
Sou catedral, templo, altar ...
Ah isso todo mundo é, porque ninguém passa por aqui sem exaltar vibrações .
Sou moldada ainda de um certo ardor e é meio complicado aceitar ter vindo do barro como alguns conceitos espirituais afirmam .
Sabe , eu acho que nasci daquela faísca que fugiu da fogueira na noite da criação e isso não é ser presunçosa , é assumir que não estou aqui para amenizar tudo e todos como muita gente pensa , Talvez eu prefira é sacudir , fazer queimar e isso não é maldade , todo fogo purifica , gosto mais dessa parte alquímica do que qualquer outra .
Esse certo ardor que falei se refere à idéias . Gosto de certa ousadia e fico ali , aparentemente quieta , mas por dentro ferve criação.
Comparo a uma substância colocada em um frasco sublime ,que quando bem articulada em composições alquímcas corretas, causa de maneira "equilibrada" certas alucinações . Não por drogar,dopar,iludir, mas por ter algum domínio de requisitos poderosos como um sorriso bem dado e extensivo, em movimento transitório ou o próprio sorriso estático para o flash de uma foto digital .
Um outro artíficio celeste que gosto de ter sempre é o lábio cintilante delineado pelo mesmo cintilar contido em estrelas, mas que em nosso planeta vulgarmente chama-se "gloss".
Como sou piadista, tenho quase que absoluta certeza de que gloss é idéia de feiticeira perdida no tempo e que algum "quimíco" esperto adaptou à modernidade .
Tenho tanto uma dose angelical quanto "In - divina", que fazem do meu mundo, um verdadeiro mundo de paixão !
Sou e não sou quando quero e gosto de mimos e ternuras, embora sempre escute que demonstro o contrário por entoar palavras firmes. Todo mundo é firme e todo mundo é terremoto . Eu sou terremoto , tufão, chuva fina, dia ensolarado...
Tudo depende , sempre depende .De quem vem e porque vem,de quem foi e por que foi.
Sou profunda e sei que não é toda visão que pode me alcançar.
Almas , grandes almas podem tentar porque grandes almas conseguem ver beleza em abstração sem criticar construtivamente.
Algumas cópias começam a aparecer "de mim" . Isso é doentio , mas é também contribuinte de mudança . Ninguém é igual mesmo .
Me encanto com palavras bem ditas e até me enlaço nelas a ponto de criar para mim um mundo de expectativas , não tenho medo disso.
Viajo em tantos "quereres" e desejos e por eles levanto vôo além do Universo plausível de idéias já citadas , desgastadas.
Quando me canso me desprendo sentindo cada etapa da queda. Isso ainda é voar só que para baixo, mas nunca cair.
Machuco-me sim e me desfaço na fonte salgada que jorra do globo ocular em dias de retenção e reflexão.
Mas quando acordo, construo um jardim de flores, novas flores ainda não cultivadas pela mão extremamente humana. Flores não catalogadas pela mente que mente... ainda .
Acho que nem daria pra catalogar flores particulares , cada um cultiva sementes diferentes e as minhas garanto que não são transgênicas , são "excêntricas" .
Posso até andar fechada, muitas vezes tempestiva e quando quero ando até de olhos fechados, na calçada , na sala, na pontinha do abismo, só pra sentir emoção.
Deito no chão para um repouso, chão e só , puro e simples , pode ser de terra batida, grama , pedra, piso moderno.
Ando com os pés descalços e frios mas me aqueço em edredons de rosas, apaixono-me pela música que fala implicitamente de sentir Deus e que resgata a antiga canção dos bailes mascarados onde sinto já ter dançando as mais belas valsas em meio aos mais rendados vestidos .
Clássica, popular (mas nem tanto), new age.Tanto faz !Desde que "ninem" a minha alma e me levem de volta a tudo que "aparentemente" não tenho neste plano, mas que nunca deixei de ter : Uma Saudade ...
Sou saudade , porta de entrada e saída .
É eu acho que sou assim ... 


quinta-feira

Ah deixa assim ...



Tem dias que a gente acorda com vontade de dizer, ah deixa assim...
Deixa falar, pensar, deixa as palavras enganarem, o rosto virar .
Deixa o outro querer ser o que não é , ou ser com ênfase o que é de fato.
São dias de tanto faz e que acontecem algumas vezes ...
Comigo .
Hoje acordei chuvosa, chorosa, até mesmo porosa ...
Alguns espaços vazios sim.
Observo e observo , falo e com o tempo me calo porque tem coisa que não adianta .
Tem coisa que o vento traz , tem vento que leva
Vento de uma forma ou de outra sempre bagunça a gente , o espaço da gente .
Claro que ainda acredito no poder da alma , mas tem alma amarrada que não entoa cânticos , mas que levanta gritos e gritos me ensurdecem .
Comparo a um tipo de vibração ouvida por poucos , mas que irrita e irrita tanto que faz a gente continuar a andar e falar "ah deixa assim".
Tenho direito de viver uns dias de "deixa assim" .
Apesar de sorrir embalada na luz porque essa é natural em todos , eu hoje não to com vontade.
Ah vou parar de escrever porque pra não deixar nublado este recanto , prefiro deixar assim ...
Silencioso .

quarta-feira

Que seja o evangelho das Marias e de tantas Madalenas ...



Não estejais fora de sí , sempre de olho no outro .
Desejai aquilo que você já tem , escutai teu coração, pois Dele vem a única regra a seguir e Ele é a beleza real.
Não há nada fora de tí e nenhum caminho é dado pela palavra alheia .
Caminho é sinal silencioso , cujo mapa reside na alma .
Oriundos somos da mesma fonte.
A mesma fonte que concede igualdade .
Separação é algo ilusório e temporário .
Algumas coisas se quebram ao cair e se dividem, no entanto possuem a mesma essência e esta não se fragmenta porque apesar de intocável, se mantém presente .
Estejais atentas e atentos que tudo se funde num só e que quando Um , torna-se O TODO.
Não existe pecado.
Se ainda crês nisso e julga ao outro , desarmoniza teu templo.
Já lhe foi dito que és da mesma espécie e se há erro em teu irmão universal , em tí também há , já que a Luz que lhe guia também guia o outro .
O que difere ? A forma de ver e sentir .
Uns mais , outros menos , no entanto Sois o Mesmo .
O que concede o erro em demasia?
O apego ao todo e ilusório material .
Tens e não tens nada .
Deixa de ter pelo ego e terás tudo pelo mérito.
O que anula a essência ?
O que vem pelo mérito e vira prepotência .
O material vira pó e tú também virarás ...
Entende o que tú es?
Gente , matéria, bicho ou Alma?
És apenas e nada mais , diferes na capacidade de sentir e adoeces por não usar teus sentidos ou por usá-los erroneamente.
Morre a cada descrença em tua luz , quando se deixa apagar pelo sopro do medo.
Nada está oculto , já foi dito.
Tudo está em tí e eis que tens o tesouro .
Não se iluda com a visão, enxergamos a verdade com a consciência .
Consciência não se busca  fora ,se resgata pela sensibilidade e observação de sí mesmo ,
Todos somos merecedores , porém poucos enxergam a grandeza divina que possuem ...
Não importa teu nome, teu sexo, idade , credo ...
Sejam Marias, Madalenas, Pedros, Felipes ou Verônicas .
Tanto faz .
Apenas Sejam além do que pensam ser, Sejam um nos outros e todos em Nós .

terça-feira

Pelo resgate da Alma nos espaços públicos essenciais




Perceba as pessoas que passam ao seu redor, o quanto elas correm, empurram, reclamam da espera na fila, discutem no trânsito e buzinam apesar de saberem que a buzina não faz o carro flutuar por cima dos demais .
Perceba o quanto se deseja a matéria e que a matéria antes feita da um sonho, torna-se promotora da insanidade comercial .Perceba tudo com atenção e me diga se existe alma .Me diga se há energia construtiva ou se há respiração.
Há sim , mas há uma cobertura , uma névoa que encobre as cores presentes em cada Ser Humano .
O cinza predomina e o arco-íris só renasce depois de uma tempestade .
Bom mesmo seria que arco-íris fosse padrão diário.
Os espaços públicos, diariamente frequentados por nós são preenchidos por uma intensidade brusca , diante da busca incessante de tarefas, diante da imposição de obstáculos em situações simples, diante do medo de reflexão , diante do medo do erro .
Vejo seres turbulentos, desconexos de sí mesmos , perdidos no labirinto de concreto colorido e que por dentro se mantém cinza . Bela imagem aos olhos da ganância, ofensa aos olhos que ainda necessitam ver a beleza da água do mar ou do morro distante .
A alma segue em sombras, nos cantos, oculta não por magia, mas oculta pelo excesso de poder e da vontade de controlar . Seres sem alma  = seres inanimados e manipuláveis .
Não se vende mais alma apenas ao diabo , elas são vendidas logo que você ingressa na tosca mediocridade de puxar tapetes, adquirir a qualquer custo, ignorar pelo ego ou atacar por birra.
Tanta besteira e tanta perdição.
Tanta ausência e solidão criadas pelas mesmas pessoas que quando querem fazem bonito, fazem do concreto escultura e da palavra resgate  ou complemento.
Almas fragmentadas começam em casa pela poda do sonhar , quando um pai diz ao filho que ele tem é que ganhar dinheiro e chegar aos mais altos cargos, quando uma mãe só quer ver a beleza da filha se essa tornar-se modelo .
Almas fragmentadas seguem na vida escolar quando o professor ignora a pergunta da criança .Muitas vezes pergunta simples como por exemplo : Por que o céu é azul ...
Ele não sabe a resposta porque nunca mais olhou pro céu acima de sí e nem mesmo sabe que as estrelas que lá habitam , habitam aqui.
Na universidade decoramos as citações dos renomados autores, viramos papagaios de pirata porque não ousamos criar nossas frases de efeito com efeito real.Na verdade criamos as teses mas as teses não criam ações.
Surgem os títulos e com eles a arrogância do sei mais .
A alma se enrosca em tantas valas internas , se suja no esgoto do descartável .
A alma que pede socorro é pautada de depressiva , louca, insana, perdida e o corpo que a carrega ainda pensa só em malhar na academia .
Tanta ironia , tanta escassez .
To cultivando o resgate da alma pelas palavaras , por tantas palavras aqui escritas e pelas palavras que tento passar ao outro.
Pelo resgate da alma desejo que exista mais silêncio e menos tumulto.
Mais sonhos e menos cronogramas sádicos que insistem massacrar a flexibilidade comum e tão natural dos corpos celestes . Eles se alinham e se movem em tempo certo . Não adianta tentar cronometrar .
Que a alma possa voltar e ser vista pela retina e que seus raios possam brilhar a cada sorriso dado.
Que a alma encontre espaço e que ocupe seu devido espaço .
Resgatando a alma , resgatamos a Humanidade .
Consciência Holística , de conexão e efeito, de base e avanço sustentável .
Zelemos por tudo isso e pelo que de fato importa : Alma em tudo , Alma de todos .


domingo

A fragilidade exposta pela veia



Estes dias turbulentos eu ví de perto o tamanho de nossa fragilidade .
O tamanho que temos diante de tudo e todos .
Ví ainda o que de fato caracteriza força e vi ainda o que importa realmente em nossa jornada .
Imaginem um longo tecido poroso, vários suportes adaptáveis, fios, parafusos, conexões, fluídos...
Tudo disposto , planejado em um projeto divino e construído para receber a energia de transformação e movimento .
É assim que somos , um projeto, uma construção perfeita e capaz .
Começamos a funcionar com nossa armadura epiderme assim que nascemos .
Nos é dado o sopro de vida e lá vamos nós !
No começo dependentes em tudo, depois menos, cada vez menos e cada vez mais ....
Nossa vida toma rumos loucos, proporções fora da medida e colhemos do ar como esponjas os poluentes de nossa estrutura .Isso não tem jeito .
Uma vez soltos , expostos !
Da mesma forma que levantamos sorridentes , nós caímos como folhas de estação.
A folha tem suas linhas , o caule que é sua fonte de alimentação , tem raiz , precisa de cuidados pra se manter .
Nós não somos nada diferentes .
Temos nossas veias que ficam a milimetros de nossa pele .Eu descobri essa semana o quão incrivel isso é, embora pareça "comum".
Uma agulha perfura a veia com facilidade e nos dá um elixir .
Erguemos novamente o projeto pela veia.
A veia que liga o externo com nosso interno .
O sagrado que se encontra ao profano , porém em determinados casos , encontros necessários .Tais encontros também não são em vão !
Não temos nosso canal perfurado por mãos de agonia , mas por mãos de anjos do cuidar .
Anjos que zelam pelo nosso templo interior e estão por aí disfarçados ...
Temos tamanha fragilidade e nem lembramos dela .
A fragilidade nos ataca com velocidade e  olha que passamos a vida pensado que ela é lenta, sutil .Engano, doce engano que vem acompanhado dos sabores amargos de um comprimido ...
Ela nos consome ferozmente diante do abalo .
Nos assustamos com nossa fragilidade e isso não é ruim .
Eu também achei fantástico ver o movimento que tudo isso faz dentro de nós e com o nosso redor .
Cheguei a analisar que o canal que concede melhora , nossas veias , nos dão também o que é a dor , porque quando perfuradas é que entendemos que existe vazio e que somos mais acessíveis que pensamos .
Somos desenhados pelas veias .
Todo o caminho que elas seguem em nosso corpo....
Tudo que elas ligam ,
Concedo a elas suprema importância porque elas que carregam a fragilidade e a dor , me levam sempre ao coração.
São elas que percorrem meu espaço com a energia e que me fazem percorrer outros espaços .
São elas que me enlaçam por enquanto ao meu projeto de Ser Celeste perdida em Terras onde o Nunca ainda é mentalidade ...
O meu projeto segue , meu templo reerguido , porém com alguns furinhos de agulha dos anjos na cortina.
Não faz mal , deixemos os raios de sol entrar e fazer brilhar todo o cristal da magia que é ser fortaleza e tenda no deserto , tudo ao mesmo tempo !

sábado

As vestes que rodam ao sol


O Chão era plano apesar da rua ser torta. Tinha a curva da esquina e o muro feito de rochas .
Tinha lamparinas na janela e rodas enluaradas de fogueiras encantadas .
Tinha olhar desconfiado da torre , olhares debochados da casa maior.
Tinha a porta fechada da Catedral e um barco no rio que enfurnava velas no primeiro vendaval.
Se soprava o vento, era tempo de partir, partir um pouco mais inteira e ainda assim deixar metade de sí no solo em que girou, na mão que tocou e nos olhares que encantou.
Tinha a tenda apoiada na frondosa árvore , era tecido suave , talvez, branco , vermelho e com tons de rosa .
Tinha uma pedra no alto , onde ela sempre ficava sentada pra desenhar com as estrelas, os signos ...
A mesma pedra era ponto de descanso e canção.
Lá ela entoava os sonhos em frases de espontâneas.
Um diálogo inconcluso e concluinte da hora.
Não cantava em altos tons porque não gostava de barulho .
Cantarolava em voz baixa ou simplesmente em murmúrio.
As mãos acompanhavam e teciam um ballet fatal.
Ela contorcia as mãos e o seu olhar elevava intensidade até o final .
Pés na terra, pés sempre no chão.
Pés e mãos, eram  suporte para sua imensidão agarrada na gravidade .
Gravidade necessária , porém não suficiente .
Sim, ela sabia voar .
Desprendia-se do ar em movimento circular , colocava sua saia a rodar , deixava a saia dançar leve , sua veste manto que rodava ao sol .
Sua veste leve que a lua atravessa em raios prata .
Era passado, talvez história , mas nunca deixou de ser .
Ficou um tempo perdida entre linhas da razão fria , foi achada em um dia pela melodia do artista urbano.
Foi um resgate ainda que seja pela genética.
Talvez seja o passado da vida passada.
A vida encantada que de forma ou outra vira lenda , quadro e poema .
As vestes que rodam ao sol e refletem na lua não deixaram de existir , os pés no chão persistem encantadoramente firmes no propósito de beijar a terra com passos ritmados .
O olhar de mistério e doçura é natural nela e em nela está para focar o encontro com aqueles que por aí andam esquecidos de um tempo em que se podia saudar a lua sem parecer louco , simplesmente porque isso era definição de beleza.
A pedra do alto se tornou atualmente sua janela , os tecidos da tenda são suas cortinas e os signos já existem porque foi ela com sua abstração e certa ousadia que os desenhou lá atrás para tentar manter a lembrança de que somos elo , enlace ...
Pode ter sido a Cigana de sonhos distantes ou a cigana desprezada pela frieza das vestes nobres .
Nunca ligou e acho que apesar da marca e do fim que não foi explicado , ela continua sua nobre missão de olhar pro céu e dançar na terra , missão de fazer vibrações e saudações aos astros de luz .
Talvez hoje ela seja apenas a moça que passa apressada mas que de repente , como intuição , olha e seduz quem passa .
Talvez, apenas talvez , mas com a doce certeza de que existe paixão em cada pedaço de chão e em cada movimento que faz , ainda que seja para digitar uma simples história ou estória .
Ela sabe, eu já não sei tanto, mas sinto , por isso escrevo ...