Temos um jardim repleto , um jardim de inúmeras espécies e grupos de espécies . Assim foi criada a vida desde o princípio .Somos um reino , divididos em reinos , porém oriundos de uma mesma criação , de uma mesma semente e semeador .
O grande problema de nosso IMENSO e RICO jardim é a erosão que vem sendo criada pelos sentimentos de individualidade. Criamos espaços VAZIOS , removemos as raízes com medo de tropeçar em nós mesmos, em nossa essência .
Pedras são retiradas e colocadas no entorno de algumas espécies .Estas então se isolam das demais e passam a ser "vistas" como espécies mais "Reconhecidas". Mas isso é apenas porque nossos olhos nos enganam diante do que vemos isolado. Achamos que o isolado é melhor , está mais perfeito , é mais especial . Ledo engano. As vezes espécies rodeadas são as que não se adaptam ao conceito de UNIDADE .Podem ter a BELEZA, mas quando a beleza é separada de sua diversidade , fica inatingível e logo é esquecida.Lembrada apenas como memória .A vida é movimento , vive sim de memória , mas segue além dessa .
Por vezes o isolamento representa a Fragilidade , pelo medo de encontrar mais do que se sabe ou pensa que sabe. Todas as espécies tem saberes infindáveis e valiosos, que se adaptam às mudanças para que tudo fique harmonizado e as que não se adaptam se extinguem ou se isolam cada vez mais.
Com esses espaços vazios que deixamos, a beleza do Jardim se esvai , perde cor e o que foi semeado com amor não brota mais .Entramos então num período de deserto , que embora também represente a beleza no vazio , não corresponde ao que precisamos agora.
Sabemos bem que se chegarmos ao nada agora , que ainda somos "matéria" acabamos , nos extinguimos e nossa tarefa fica inacabada !
Se temos o jardim , a beleza está na composição das cores, nas diferenças das formas , na harmonia exalada pelos contrários , nas raízes expostas sem medo , que se olharmos bem representam sabedoria .
Mas , percebam que mesmo que se separe em pequenas porções , o nosso IMENSO JARDIM, a terra fecunda é a mesma , o ar que mantém também, a água que nutre vem da mesma fonte .É a mesma fonte de alimentação , a energia que circula também é a mesma , porque o DIVINO da vida não separa ninguém , É e sempre será UNO.
Vale observar ainda, que , o espaço que foi cercado cresce num padrão visto como ordem , mas a vida não é uma linha reta , não vivemos a linha reta como tece a história . Vivemos uma espiral , estamos num circulo de Idas e Vindas , justamente para compreendermos que as diferenças são necessárias na composição do UNIVERSO INTEIRO!
Esse espaço , quando se isola , ao menor sinal de tempestade , já leva acima uma redoma que o impede de enxergar a realidade .Uma redoma , embaça a visão com o passar do tempo , e a cegueira já está em nós há tempos. Não precisamos mais do que nos cegue.
Por vezes , se o que está na redoma é exposto à críticas e sugestões , (até mesmo de melhoria) , pela ausência de convívio e entendimento de que há sempre o oposto e que o oposto não necessariamente é prejudicial , as espécies isoladas criam defesas demais , porque já se julgam perfeitos e prontos . Não há nada acabado nas espécies , passamos por mudanças , por evoluções . O término de mudanças seria a extinção.
As mesmas espécies isoladas atacam até a simples abelha que por vezes vem sorver o pólen para a fabricação do mel e assim ampliar e nutrir sua colméia . Irônico isso. Somos naturais em essência e atacamos nossos semelhantes seja com veneno ou com a indiferença .Espécies de um mesmo jardim se ignoram , se repudiam . Triste constatar que isso não é um equilíbrio , criamos mais quedas além das que já sofremos .
A partir do isolamento , começa então o disfarce dos espaços vazios .Dominam então as espécies que produzem apenas o aparente , nada muito essencial . As espécies que produzem coisas valiosas somem, em meio às espécies que produzem apenas lenha . Não há nada frutífero , nada que possa ser trabalhado de forma escultural ou nada que possa florear os campos . Há apenas lenha , combustível pra fumaça, o que tampa ainda mais a beleza do jardim. Embora as brasas aqueçam e apaguem separadas , acredito que não precisamos de espécies que viram brasas , precisamos recompor as espécies das MELIÁCEAS...
Sim, as meliáceas são aquelas espécies de nosso jardim, arbóreas, sempre verdes , produzem sombra e acalanto , fornecem uma valiosa madeira, por exemplo, que não acaba na fogueira , é esculpida
Todas as espécies tem potencial , mas potencial para virar lenha e aquecer por apenas momentos não é o que nosso jardim precisa agora .
As meliáceas ficam fora do isolamento porque são grandes ,se espalham sem preconceitos com as demais espécies ,não cabem em redomas , elas possuem filetes unidos , dão flores e frutos.
Fracionar a beleza de nosso JARDIM é um erro, o que torna a vida MOVIMENTO é a possibilidade de contato.
Sejamos então, o que éramos antes : UNOS .
Sejamos então , mais MELIÁCEAS e menos espécies de redoma.
*~Por Valéria
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