Estamos quietos e em silêncio . Ficamos apenas fitando os desejos distantes à espera de que eles se aproximem para que possamos agarrá -los com suprema exatidão...
Me disseram isso outro dia . Eu disse , é pode ser .
Não sei se fico fitando de longe meus desejos ou se eu mesmo os crio .Acredito mais na segunda hipótese.
Gosto de criar meus enlaces , meus encontros de alma , meus tumultos internos .Gosto até de sentir a ânsia por algo ou a insônia do não ter .
Creio que existem as surpresas e as adoro, mas a possibilidade de criação é que me fascina em tudo que faço.
Não gosto de coisas prontas . De processos mecânicos . De rotina .
Gosto de Re- criar, criar , re -viver , viver .Ousar e ser do que calar e não sentir.
Assim descrevi o pequeno terremoto que começou a abalar meu coração nesses dias de nuvens:
"Durante o dia as palavras fizeram sonhar,
Precipitou emoções e descontou no cheiro doce espalhado pelo corpo que chegava nas goticulas do mais estrelado perfume ...
Era um toque de carinho em sí , para quem sabe depois ser partilhado .
Pintou as cores de sofisticados sabores nos lábios e pôs o brilho das estrelas nos olhos.Assinou ao canto dos olhos como quem assina uma pintura ou realiza com precisão o registro de um hieróglifo na parede da alma.
Sobrepôs tecidos leves , coloridos , em harmonia clássica , porém cheia de jovialidade .
Parecia mais uma flor conhecida , porém rara em periodos de chuva .Um desabrochar fora da estação certa ou um desabrochar tímido.
Completou-se com contas de esperança e simbolo de fé.
Nas mãos pôs a serenidade da lua .Tinha isso em cada ponta do dedo.
Ao vento , deu passos musicados, conduzidos pela valsa de um desejo secreto que ela produzia a cada segundo . Uma espécie de ebulição que borboleteava o universo interno.
Chegou ao espaço comum , mas que , naquele dia já tinha se tornado um espaço de reencontro consigo mesma .Destilava emoções que parecia subir ao éter como bolhas de sabão feitas pela mão de uma criança !
Naquela noite ela se encantou com cada olhar de saudade e esbarrão espontaneo que tinha com a timidez .
Viveu de forma carinhosa , mergulhada em ponteiros do relógio seu doce desejo ...
Mas ainda não tinha abraçado com a suprema exatidão o que lhe acontecia .
Preferia esperar com a calma de um dia de pôr do sol o momento certo e viver cada segundo dessa descoberta , como quem enxerga o raio de sol no prisma pendurado na porta e se deslumbra.
Acreditava mais na beleza inconstante que na certeza , na exatidão.Preferia o silêncio da rosa no lençol que a palavra que rotula e adjetiva o que não pode ser definido.
Cálculos não cabem em dias de sonho... "
*~Por Valéria Amores
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