O primeiro raio de sol, depois de dias de intensas gotas de chuva, entrava pela janela, animado, forte, carregando consigo o despertar...
Ela se sentiu aquecida pelo novo dia, pois deitou-se acomodada de tecidos pelo frio da noite anterior.Ao abrir os olhos lentamente, deparou-se com um arco-íris particular, emanado do prisma pendurado na janela.
07 cores refletiam a porta branca,
07 cores desciam pela superfície com fiel delicadeza.
Agora, além do seu céu particular que acende nas noites escuras, ela havia conquistado o dom de ter seu próprio arco-íris
Levantou-se vagarosamente pisando sobre flores estampadas, também seu jardim particular e imortal.
Abriu ainda mais a janela e reforçou então as cores de seu arco-íris, era um amanhecer de visão colorida, que a motivou a sair em plena caminhada para garimpar as cores da vida. Inspirou-se .
Após se vestir com a saia mais rodada, com o sorriso dourado e com os olhos de criança, espalmou seus pés numa sandália rasteira traçada pelas mãos de artesão, como se fosse o calçar de um sapato de cristal.
Borrifou ao ar um perfume de baunilha e fez a viagem subterrânea dentro da caixa prateada do corredor. Sim, era um simples elevador que para ela já correspondia a uma incrível descoberta de levitar com apoio, de mergulhar nas profundezas ou subir ao mínimo do céu que como mortais podemos atingir (por enquanto), embora o céu e o sol estivessem sempre em sua cabeça.
Ao tocar o solo caminhou devagar, abriu os portões gélidos de orvalho e foi alternando as passadas, observando cada canteiro e flor, cada pássaro e sua canção, cada pessoa que passava apressada e mais ainda cada pessoa que passava lentamente, sem preocupação.
Eram tantas cores estampadas na manhã, misturada em roupas, em plantas, no céu, no sol, que pensava estar na pintura feita pelas mãos do mais perfeito artista do Universo.
As cores borbulhavam dentro de seu coração como uma aquarela.
Lembrou do prisma que fez do seu amanhecer, um amanhecer mais cintilante, mais equilibrado porque a fez despertar com as cores da alma, com suas energias rodando como ciranda, no ritmo certo, equilibrando então todo o seu ser, promovendo então todo seu sorriso.
Ela se fez ampla, descobriu que sempre e tanto, a vida é um prisma de descobertas, porque pelo menos naquele momento de uma doce manhã de sol tudo parecia tão novo, tão intocado e tão mágico...
O objeto pendurado na janela a remeteu ao entendimento de que a beleza ainda é ligada pelas arestas. Um prisma tem as suas e só assim promove cores que se unem em luz, um prisma a fez caminhar e descobrir-se portadora de um doce segredo , de uma doce mania : a capacidade de redescobrir-se constantemente, sempre que assim desejar.
O prisma estimulou sua vontade, que em seu sentido exato significa: A principal das potências da alma, que inclina ou move a querer, a fazer ou deixar de fazer alguma coisa...
Por Val Amores ~*
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