quinta-feira

A sabedoria num balanço ...





Era recanto singelo , de fácil visão . Da varanda o que se tinha era uma imensidão !
Um oceano verde , um canto soprado , de vento que leva o cabelo para trás e pro lado , de barro batido , de pedra achada ...
A direita da moldura em movimento , já com a grama pisada , estava a condução que fazia viajar pelo vento . Condução singela , de corda trançada , base de madeira reaproveitada daquilo que um dia foi um giagante da sombra .
Todos os dias ali, naquele canto encantado , de frente ao silêncio verde que como ritmo tinha apenas o cantar de pássaros embalados no tom de beleza e flor , ficava ...
Deslizava os pés descalços pela terra e dava impulso que fazia flutuar.Era um motor espiritual que conduzia tamanha viagem .
Cada ida e vinda , trazia consigo uma ventania fresca , numa tarde de verão .Verão de montanha, daqueles que mostram todas as estações em um único dia .
De olhos fechados se podia voar, sentir o cheiro da flor , o coração acelerado pelo retorno a nova e velha infância . O balanço seguia o ritmo do riacho que ao descer esculpia o barro, contornava a pedra , esculpia a pedra e marcava o barro num desenho linear , mas profundo , onde com certeza novas vidas surgiam e se ampliavam .
O linear de fora , esconde a profundidade , as vezes circular de dentro .Circulo que como mola se junta em espiral de criação .
Era um estado de não pensar , não ser , não ter e nem mesmo querer , porque querer exige pensar e ali apenas se sentia .O não ser permitia a unificação com o vento, não apenas era ventilada, era o próprio vento , ventania, tufão .
Era tudo e era nada e por mais nada que aquilo pudesse representar aos olhos leigos , era sim o momento em que se tinha tudo , absolutamente tudo e se era o todo que está em todos .
Plenitude onde se transforma brincadeira em sabedoria , medo em ousadia .
Era ali que se afirmava fortemente , celestialmente que a sabedoria do mundo, a sabedoria da alma , a sabedoria dos Deuses não está nos livros e talvez nem nestas palavras , raramente em discursos , mas com certeza numa tarde de verão , num balancê bem abaixo de um abacateiro ...

Por Val Amores *

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