sábado

A caixa de papelão ...


A caixa de papelão no canto do quarto, lacrada , com fita dourada, ali estava há tempos. A poeira exposta , ressaltando o esquecimento , o menor grau de importância , o aspecto de passado , enfatizava ainda mais a distância entre o que se foi e o que então tinha se tornado.
A curiosidade bateu à porta aquele dia e de forma explosiva , a caixa foi aberta . O conteúdo era de vivências , apresentava rostos , bilhetes , papéis de bala e bombom , flor seca dada em dia de chuva , quando o abrigo se torna um abraço.
Desfez todo o embrulho , releu cada linha torta , entremeada, manchada , sentiu o papel amarelado , fino, nas linhas de cada mão .
Pegou a fita cassete guardada, de músicas escolhidas e desenrolou até a porta como se o laço da caixa fosse ampliado ao quarto . Era um passado que fazia bem , que remetia ao momentos mais doces , formadores então de uma adultessência inspiradora . Não havia anulação de uma fase à outra e sim uma linha fina , transparente ligando todas as meninas que estavam naquela mulher , que ainda assim negava-se a crescer.
A caixa de papelão guardava uma menina e quando aberta expôs o porque de uma talvez... doce mulher.
A caixa de papelão foi substituida pela caixa de acrílico colorida , moderna , mas que ainda assim mantinha em seu conteúdo o clásssico (retrô para alguns , antiguado para outros , saudoso aos mais sentimentais ) "estar" de uma época em que se tinha toda uma vida registrada , porque o registro era parte , função, capacidade de quem vivia um dado momento.
A caixa de papelão é as vezes mais valiosa que um baú de tesouros , mais extensa que um armário embutido e moderno , mais intensa e dinâmica que a digitalização de idéias via teclado . Era sim, uma caixa de papelão dona de uma vida inteira de sonhos ...

Por Val Amores ~*

Um comentário:

Expus meu devaneio , exponha o que achou ? Um beijo na alma *