Colhi o material cru, opaco, preso a fonte natural , entre a raiz , entre a poeira do chão. Com tudo nas mãos, comecei o duro trabalho de separar em partes e por composição cada reino .
Conforme a textura percebi a intensidade , conforme o aroma a profundidade .Se algo se desmanchava ao tocar, logo entendi que era necessário sutileza e se algo resistia ao movimento, era então necessário tentar e tentar, adaptar e descobrir como o elemento alterar.
Com impressões e opções na mão , fiz um desenho de esboço , acendi o fogo, abri a janela , esperei anoitecer pra ser guiada pelo mapa celeste .
Com a pureza da água limpei cada matéria , com a força do vento as deixei secar , com a capacidade do fogo pude não apenas enxergar , mas também purificar aquilo que precisava ser transformado. Com a estabilidade da terra, pude fincar e preencher espaços.Cultivei então. Semente primeiro, planta , árvore e criação.
Diante das horas, quando o sol começava a despontar, pus na obra, de olhos fechados, o sopro do espírito .
Com o sol em intensidade percebi como nasce toda e qualquer capacidade interna : pela necessidade, pela intuição, pela inspiração exposta no éter .
Toda a obra visível , feita na madrugada foi posta em descanso até outra jornada .
Eis que ela se inicia , novamente ao anoitecer .
Levada a um espaço sagrado aparei a ponta que ficou, com instrumentos certos eu moldei, trabalhei e transformei em escultura . Ela ainda assim se mantém semi- pronta porque é parte Criador e a própria criatura .Ambos sempre em mutação.
Minha obra fica guardada sem redomas , fica exposta no centro de um arco para então ser sempre alterada , recomposta , decomposta , expandida, dividida, organizada .
Cada um que passa por ela ,lhe concede uma nova observação , mas somente quando o dono da obra deseja é que há verdadeira modificação.Questão de abrir as portas para facilitar a jornada ...
Não basta o que vem de fora , nem o que diz o outro .Se dentro da obra não tiver uma alma intensa , capaz de ser flexível e de se adaptar, não há verdade dita que lhe possa lapidar.
Somos um feito que é feito , uma idéia original que foi fragmentada .Essa verdade é a sagrada , que vive sendo buscada !
Como um vitral , minha obra não deseja apenas conceder beleza, mas ser meio e canal de luz, aos que também colhem seus pedaços em meio a este imenso Universo .
O final da minha obra ?
Penso não ter final ...
To moldando uma estrela que prefere por aqui ficar .Cada um que passa por ela também pode brilhar .A mesma estrela que brilha também se acende com a estrela irmã , que da mesma forma tem sido moldada , atualmente , pelas mãos de artesãs ...
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