Uma planta vive seus ciclos de desmanche e renascimento.
Suas folhas verdes secam, caem , apodrecem e adubam a terra que produz novas folhas .
Das folhas, sobram os galhos secos , retorcidos, aparentemente sem vida, sem graça .
Por dentro o movimento de um refazer se mantém em plena atividade .
Pelas ranhuras a vida corre como mágica, a seiva divina, a energia, a alquimia que a tudo transforma segue, constante, serena e de acordo com as leis universais.
Uma queda , o que é uma queda?
A pausa para que esse refazer aconteça de forma melhor.
Sem pausas não verificamos a necessidade do momento, a dificuldade, o que necessita ser consertado, substituído, exposto.
Assim é , assim sempre foi a vida de todo e qualquer corpo divino presente neste Universo.
Vivemos entre a construção e reconstrução de nosso ser .
A essência que temos precisa se adaptar e é por isso que nos desfazemos com tamanha intensidade em dados momentos .
Há um certo medo e desânimo por isso, mas implícito na retina e no olhar em dia de sol, há a certeza de que existe mais que dias melhores , existe integração do aqui de dentro com o todo lá fora .
Por tal integração sentimos vendavais e eles varrem o que congestiona,
Por tal integração sabemos que apesar de desconfortos, existe o aconchego e a força que só um recomeçar pode conceder .
Sinto-me assim, em um desfazer brusco e bruto, mas um desfazer que tem realizado em mim uma mutação de elementos necessários , uma alquimia certeira entre o que necessita ir e o que precisa se realizar e logo .
É o estar em fase de florescimento como se a primavera continuasse, apesar do tempo lá fora .
Talvez eu vire rosa, azaléia, margarida ou orquídea. Não importa !
Sei que meu florescer será mais uma prova de que não é ao acaso e por acaso que as coisas acontecem .
Desfaço-me sim e apesar de me acovardar em certos momentos, tenho plena consciência que as mãos que me ajudaram são mãos de grandes jardineiros , jardineiros treinados pelo Arquiteto de todo este espaço celeste em que me encontro ...
Na verdade agora, estou cultivando uma cortina de heras com flores violetas , por isso demora ...
Aguardo , um pouco confusa e serena, mas acima de tudo cada vez mais bela em mim , porque estar em mim agora é prioridade .Não posso estar lá antes de deixar todo o espaço decorado para a grande festa de um novo ciclo ...
O solo pode até representar um tom de sertão , mas ainda assim ele é linha e ligação.
A flor pode estar ainda minúscula e isolada, mas beleza muito exposta não desperta atenção .
Eis que é hora de regar os sonhos , por isso vou caminhar com gotas de orvalho na mão ...
Volto depois com novas mudas , porque agora eu quero olhar para o céu, já que hoje é dia de sol e sorriso miúdo ...
Preciso antes , tecer uma guirlanda de flores para sinalizar que ainda estou em reconstrução .
Fiquem bem e em silêncio, volto logo em ramalhete.
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