Naquela casa antiga, vista no sonho, morava uma voz.
Nas torres arredondadas a voz ecoava distante , a voz a guiava de maneira constante por degraus forrados de vermelho, num tecido macio, convidativo ao andar.
Uma borda dourada desenhava a escada espiral, que subia, enrolava até o final.
A capa arrastava o chão de pedra , a capa trazia as folhas consigo, como captura, feito de amizade ou doçura. Levada era pelo som suave , musicado, fino.
Pelas portas de vidro , janelas escancaradas , o ar entrava , o vento ventava, um perfume voava .
Subiu ao topo, degrau por degrau.
Em frente a um espelho lá estava ela , exposta e sagrada, tímida e mesmo assustada.
A luz que batia, que refletia , fazia cegar.
Com as mãos postas a frente num gesto sagaz , pelo espelho decidiu entrar.
Desceu transcendente , de olhos fechados , de mãos espalmadas, tão soltas, tão leves...
Do escuro à paisagem verde , os pés então descalços sentiam a grama do chão , vestido rodado girava pelo tamanho desse momento expansão, brincando, dançando, cantando em paz.
Naquela casa antiga, de passagem secreta espelhada que a trazia e a levava pelos 4 cantos universais morava a alma encantada da moça discreta, secreta e fugaz.
Essa moça ficava de olho no céu , andando com a lua, sentada na pedra do rio. Ficava olhando a infinitude do que a rodeava , de longe ela via todas as facetas da vida, da rotina implantada. Ela via aquele que passava todos os dias num mesmo lugar , via aquele que observava ela a olhar.
Os diferentes olhos cruzados, em cores, faziam da casa antiga o observatório sagrado das almas dispostas a crescer.Cresciam pela observação, pelo giro espelhado, aconselhadas pela voz encantada , iam todas pela escada enrolada, rumo ao nada profundo. Naquele nada então, encontravam o mundo.
O mapa para casa antiga? Do imenso jardim de almas inspiradas?
Fica ao leste , mas dentro do coração.
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