Você anda pela rua, se depara com a bela árvore solta.Ao bater os olhos sabe que de certa forma, lhe falta a moldura. Pra guardar, eternizar a imagem, centralizar a forma.
Você organiza seus rabiscos, vê o desenho feito no momento ócio, distorcido, sem nexo talvez, mas ainda assim belo.Enxerga e sabe que ainda lhe falta a moldura.
Pra guardar a inspiração.
Você seleciona suas fotos, reencontra aquela antiga, de uma história engraçada e sabe que a ela falta uma moldura.Pra lembrar da risada, sorriso, gratidão.Decorar até mesmo o vazio da sala.Por que não?
Você lava as frutas da fruteira, seleciona a fruta inteira,organiza em cores, disponibiliza sabores e eis que falta a moldura.Pra expor ao visitante, ao que ali passa, distante procurando o que provar.
Você Acende o incenso, pra purificar o momento, a fumaça sobe, em espiral, linha reta, oração.Lá vem a vontade de novo.Emoldurar o perfume que caracterizou o momento.
Pega na mão da criança, que na brincadeira balança o corpo em diversão.De longe você contempla a troca de realidades e como num passe de mágica quer lhe dar tamanha eternidade. Falta então lhe colocar a moldura de coração.
Você sonha um sonho, tão belo quanto real, transcende a dimensão, parte da terra ao celestial.Acorda no meio da noite, com a imagem capturada.Falta-lhe então uma moldura encantada...
Observa agora o nada e pensa em preenchê-lo, digita a tela em branco, palavras de inspiração.A moldura de vidro já tem, basta colocar emoção.
Percebendo o sol lá fora, levanta pra se arrumar penteia os cabelos longos, os lábios se põe a pintar. Uma cena cotidiana, cheia de empolgação, mas a esta moldura não falta, porque ela é centro, expansão. Não lhe caberia um único foco, tampouco uma única canção.Melhor deixar solta no vento ao gosto da Criação.Melhor deixar os olhos em contornos, as mãos em composição...
A ela, que a moldura seja posta, por outros olhos então !
Que permaneça entre as colunas, entre as flores do portão,entre círculos no chão.
Que sua volta seja luz, cores em integração,
Que seja a permanente arte abstrata, estampada no sorriso enigmático, na capacidade de observação.Flutua, apenas flutua, ficando exposta a um éter composto de inspiração.
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