sábado

E a bruxa estava sem sapatos , mas ainda assim, cheia de coragem !



Era uma montanha alta , de íngreme subida. No meio do caminho existiam árvores centenárias , capazes de sustentar um mundo individual de fauna e flora , árvores com seus cipós largos e firmes , flores das mais variadas cores, cantos dos mais finos pássaros ...
Recanto de exotismo e mistérios desenhados em folhas secas caídas no chão.
O tempo escurecia na medida e as estrelas formavam o corpo do céu com suas curvas , as estrelas eram o mapa celeste estampado acima dos olhares perdidos apenas por uma reta .
A lua saltava as nuvens a cada tentativa de ser encoberta. Era a força em luz e a luz representada pela força de um astro capaz de estremecer toda a vida terrena.
Ela subia incessantemente , descalça , segurando a saia do longo vestido de tecido leve e vermelho ...
Ela subia sem medo do chão porque ia presa a um móbile de estrelas .
A cada nova paisagem que se abria diante de uma curva ,ela saltava os olhos com esperança de ter chego ao local esperado. No entanto era ainda ficção !
Não pensava em desistir , mas sentiu cansaço e resolveu se aconchegar abaixo da copa de uma árvore frondosa e acolhedora , que tinha raízes compridas e que formavam um ninho de espera e reestabelecimento. Ali ficou , olhando a dança do vento e o som do silêncio . Ali ficou , admirando a égregora que embelezava o mundo inteiro e no entanto pouco vista diante da paisagem cinzenta .
A noite passou suave , mas o tempo esfriou .
A magia em seu entorno era tanta , apesar de ainda desconhecida , que em harmonia se fez um cobertor de longas folhas. Folhas que foram levadas apenas com o poder de pensar.Pensar com vontade diante de uma necessidade é criar um milagre , porque é dada então a realização !
Ela adormeceu pesadamente e não notou olhares discretos de uma torre que ficava no alto.Adormeceu sem medo, mas com esperança de nos sonhos chegar mais rápido .Acordou com o primeiro raio de sol e em seu despertar suave espreguiçou-se .
Saudou o astro que lhe concedia luz .
Lembrou da missão , lembrou da necessidade de continuar a caminhar.
Seguiu com os pés no chão novamente , mas ainda com a cabeça na lua, na torre do mágico artesão .
Recolheu do pé uma amora para matar a necessidade física , porque o alimento da alma existia em seu coração.
Caminhou , correu, dançou entre flores e riachos .
Ouviu um ruído fino, tão fino , que aguçou sua curiosidade .Ela escalou com dificuldade uma parede de pedras .Lá estava o castelo do mágico artesão !
Silenciosamente desceu pelo outro lado do muro e ficou frente a frente com a gigantesca porta de madeira rústica, de fechaduras douradas e brilhantes .
Ao lado da porta, trepadeiras  e um sino antigo e pequeno.
Ela bateu com ansiedade e sentiu o chão estremecer .
Abriu-se uma fenda atrás de onde estava e ela já não podia voltar .
O passo a dar era para frente , envolto em um clima de mistério , com dose de insensatez , pitadas de aventura , mas com todo o aroma de um retorno ao lar...
A porta se abriu e com ela, a oportunidade de ir além .
Ela olhou para o chão e viu o intercalar , viu a dualidade e viu ainda que tudo aquilo que sempre sentiu , já se explanava como verdade .
Segurou seu longo vestido e fechou os olhos . Deu o primeiro passo, concedeu o segundo e corajosamente o terceiro .
Era agora um outro Universo que somente com a mudança da lua , poderá ser relatado ...
A bruxa ? Perceba bem : ela estava sem sapatos , nem mesmo sabia que era ela e ainda assim tinha uma enorme coragem !





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